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Qual seria a sua idade se não soubesse quantos anos tem?

on 1 Outubro, 2019

Devemos olhar para o envelhecimento sob uma perspetiva negativa? Porque envelhecemos estamos a perder as nossas capacidades? Não necessariamente. Pode acontecer que alguns de nós experienciem um envelhecimento patológico, o que não significa que isso só venha a acontecer na idade adulta avançada. Podemos ser jovens adultos e por algum motivo (doença, acidente…) começamos a envelhecer de um modo patológico. O envelhecimento, ou desenvolvimento, como gosto de lhe chamar, não deve ser visto como um processo negativo. A idade cronológica de cada um é uma contagem cumulativa dos anos que vivemos, mas não deve determinar os nossos comportamentos, as nossas atitudes ou os nossos padrões cognitivos e emocionais. Somos seres biopsicossociais, e como tal, cada um de nós deve parar para refletir acerca da forma como se sente física, psicológica e socialmente. Independentemente da idade que se tem. Se não soubéssemos a nossa idade cronológica, que idade psicológica consideraríamos ter? E idade social? Esta é uma reflexão pessoal que nos pode conduzir a um autoconhecimento mais aprofundado e que nos pode levar a modificar a nossa forma de estar na vida.

Não é porque alguém entra na idade adulta avançada que passa a ser inútil ou incapaz. Lembremo-nos de que o envelhecimento/desenvolvimento é um processo contínuo que se inicia com o nascimento (ou se quisermos com a conceção) e só termina com a morte. Mudanças, sejam elas de valência positiva ou negativa, fazem parte da vida, em qualquer uma das suas etapas (infância, adolescência, idade adulta…). E sim, há perdas que são inevitáveis com o passar dos anos, mas também há ganhos (ex.: sabedoria)! Envelhecer não é sinónimo de adoecer! O envelhecimento é um fenómeno individual e, como tal, cada um pode e deve escolher ser agente ativo neste processo. Em qualquer uma das fases das nossas vidas podemos agir no sentido de modificar os nossos comportamentos, as nossas crenças, as nossas atitudes. Um adulto idoso não tem que estagnar, pelo contrário, como noutra etapa da vida, deve continuar a investir no seu desenvolvimento positivo.

O fundamental é lembrarmo-nos de que somos muito mais do que aquilo que a sociedade nos diz que somos pela idade que temos, e assumirmos que o envelhecimento saudável é uma escolha e um compromisso pessoal. Um compromisso, antes de tudo, com a manutenção da saúde, prevenção das doenças evitáveis ou das complicações das doenças inevitáveis.

Este compromisso pressupõe, entre muitos outros aspetos, cuidar da nossa mente e do nosso bem-estar emocional. A mente desempenha um papel central na nossa vida! Haverá alguma coisa que façamos que não envolva a mente?! A resposta é clara: não! Então torna-se óbvio que é fundamental investir algum do nosso tempo a cuidar da mente e da saúde emocional. Adotar uma postura positiva perante a vida, definir e concretizar objetivos pessoais, criar e manter relacionamentos positivos com os outros, realizar atividades estimulantes para o cérebro podem ser os primeiros passos a dar para observar grandes mudanças na sua vida!

Vejamos o envelhecimento pelo seu lado positivo! Viver durante mais anos é uma grande conquista para o Ser Humano, pela qual nos devemos sentir gratos ao invés de nos lamentarmos. Envelheçamos ativos, investindo no nosso crescimento pessoal, aprendendo sempre e vivendo com sentido!

Sílvia Gameiro

Psicóloga e Presidente da Direção na Aposenior – (Universidade Senior de Coimbra)

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Da Gratidão à Parentalidade Consciente

on 21 Setembro, 2019

Acredito que ter um filho(a) é ter sido presenteado com o dom da vida. Ainda assim, também sei que ser pai ou mãe, é um tremendo desafio. E por essa razão, relaciono muitas vezes a parentalidade à gratidão. “Como assim?!”, estarão desse lado a pensar…

Vamos por partes…

O que é “gratidão”?

Considero a gratidão um dom. Um dom que cada um de nós tem, diariamente, a opção de se presentear. Basta, para isso, tomar consciência de situações pelas quais podemos ser gratos, alinhando a nossa atitude nesse sentido.

O que é “atitude”?

Atitude não significa comportamento em si, mas antes uma predisposição para pensar se agir de determinada maneira, perante um estímulo social (seja uma pessoa, uma situação ou um acontecimento). É como se fosse um padrão de ideias ou uma forma de organizar/processar informação.

Neste sentido, as atitudes precedem a ação (sejam palavras, comportamentos, escolhas ou ausência delas) e, como tal, exercem uma importante função cognitiva e de regulação do comportamento. Porquê? Porque este mesmo comportamento pode derivar em resultados favoráveis ou desfavoráveis.

O que tem “gratidão” a ver com “atitudes”?

A gratidão é uma atitude!

O autor Jon Kabat-Zinn[1], Médico e Mentor ocidental do Mindfulness – também conhecido por prática da atenção plena ou presença consciente – incluiu a Gratidão nas suas 9 atitudes de Mindfulness[2].

A gratidão, segundo o seu mentor, tem demonstrado ser uma das atitudes mais positivas a cultivar, já que demonstrou ter um relacionamento único e poderoso com o nosso bem-estar.

O que faz o Mindfulness?

A origem do Mindfulness advém das práticas budistas com mais de 2500 anos. Mas foi em 1979 que começou a ser difundido e usado para fins terapêuticos no ocidente por Jon Kabat-Zinn e seus colaboradores, na Clínica de Redução de Stress da Universidade de Massachusetts, através de programa denominado de MBSR Mindfulness Based Stress Reduction. Este programa também já se encontra disponível em Portugal.

Em Mindfulness, a observação do momento presente faz-se livre de julgamentos, uma observação consciente e propositada, sem certo nem errado, sem julgamento e com atenção e presença consciente no aqui e agora – o que de si já é libertador!

Só podemos estar e ser gratos quando estamos cientes do momento presente. E o Mindfulness é o ponto de partida para a gratidão.

Gratidão na Parentalidade

Relaciono, frequentemente, o dom da gratidão com o dom da parentalidade. E tal só é possível se nos tornarmos conscientes dos momentos em que estamos presentes.

A parentalidade é uma função que não requer experiência prévia na área, nem habilitações académicas que certifiquem os pais a saber sê-lo, de acordo com um determinado molde pré-definido de “pais perfeitos – filhos perfeitos”. E os filhos também não nos chegam com livros de instruções.

Pela exigência constante a que os pais são sujeitos, a parentalidade consegue provocar uma autêntica montanha russa de emoções (e ações), sendo que, já todos percebemos por experiência própria, as emoções mais desagradáveis são as que têm mais impacto e tendem a perdurar mais tempo.

Com a prática, treina-se a resiliência

O termo “resiliência” surgiu com os estudos de Boris Cyrulnik[3] sobre a diversidade de reações após momentos potencialmente traumáticos (após a II Guerra Mundial).

Cyrulnik referia que “a nossa história não determina o nosso destino” já que somos nós quem decide como encarar os acontecimentos, ou seja, escolhemos uma forma consciente de processar a informação.

Ainda segundo o autor, “os resilientes nunca perdem a capacidade de ver que as coisas podem melhorar no futuro, embora o presente seja doloroso”. Todas as experiências, quer sejam agradáveis, quer sejam desagradáveis, são igualmente úteis! E tudo que vem, fica um pouco, e vai. É este o ciclo (e impermanência) da vida.

Por esta mesma razão, a prática da atitude da gratidão na parentalidade, permite aos pais tornarem-se, progressivamente, mais conscientes. E esta tomada de consciência, tende a proporcionar-nos perspectivas diferentes, construtivas e resilientes.

Psicologia Positiva

Não é demais relembrar que o movimento da Psicologia Positiva surgiu para equiponderar a reputação que a Psicologia foi adquirindo ao longo da sua existência, associando-se a esta ciência conceitos de doença, patologia e tratamento.

A psicologia positiva veio afirmar e reforçar todo o potencial positivo do ser humano, criando uma atuação de prevenção, motivação, abertura a novas possibilidades. E por “positivo”, entenda-se, construtivo, evolutivo, útil. E o estudo do conceito de resiliência encontra a sua orientação na psicologia positiva!

Parentalidade Consciente

Com os contributos do Mindfulness e da Psicologia Positiva, os pais de hoje, têm todo o potencial para praticarem uma parentalidade consciente, tornando, assim, esta experiência única no mais intensivo curso de desenvolvimento pessoal.

E eu, como mãe, sou grata por todos os momentos impactantes de aprendizagem que os meus filhos me proporcionaram. Pois todos eles foram úteis para me ajudar a tornar em quem eu quero ser.

Aos pais que, que gostariam de levar a sua parentalidade a um nível ainda mais consciente, estarei por aqui, disponível para ajudar e crescer nas partilhas. E a gratidão por terem chegado até aqui, é um belíssimo ponto de partida.

Até breve?


[1] Professor Emérito em Medicina; fundador da Clínica de Redução do Stress e do Centro de Atenção Plena, na Universidade de Medicina de Massachusetts. Praticante de Yoga e Budismo; membro fundador do Centro Zen de Cambridge.

[2] https://www.spm-be.pt/2014/12/9-atitudes-de-mindfulness-kabat-zinn.html

[3] Cyrulnik estudou medicina na Universidade de Paris e formou-se em Psicanálise e Neuropsiquiatria, determinado a compreender os acontecimentos da sua própria vida. Dedicou a sua carreira maioritariamente ao estudo e tratamento de crianças traumatizadas.

Joana Madureira

Psicóloga, Formadora e Tutora

Facilitadora de Parentalidade Consciente

Mentora da Schola – Educar para a Felicidade


[1] Professor Emérito em Medicina; fundador da Clínica de Redução do Stress e do Centro de Atenção Plena, na Universidade de Medicina de Massachusetts. Praticante de Yoga e Budismo; membro fundador do Centro Zen de Cambridge.

[2] https://www.spm-be.pt/2014/12/9-atitudes-de-mindfulness-kabat-zinn.html

[3] Cyrulnik estudou medicina na Universidade de Paris e formou-se em Psicanálise e Neuropsiquiatria, determinado a compreender os acontecimentos da sua própria vida. Dedicou a sua carreira maioritariamente ao estudo e tratamento de crianças traumatizadas.

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A gravidez, o pós-parto e a saúde mental

on 9 Setembro, 2019

Hoje todas as grávidas estão de parabéns, por isso, aproveitamos este dia para lhes dedicar a nossa atenção. 

A preparação para o nascimento de um filho é um grande acontecimento de vida e, independentemente da forma como a gravidez é vivida, é um momento particularmente stressante na vida da mulher.

As alterações físicas, psicológicas, o trabalho de parto e a responsabilidade de trazer uma criança ao mundo pode levar, muitas vezes, ao chamado “baby blues”, um estado de tristeza e choro fácil associado a uma sensação de mal-estar e ansiedade, na maioria das vezes sem motivo. De natureza transitória e de origem hormonal, acomete entre 40 e 80% das puérperas e ocorre nas 4 semanas seguintes ao parto (Costa, 2015). Se a sintomatologia persistir pode requerer especial atenção.

Estima-se que 3 a 6% das mulheres experienciarão um episódio depressivo durante a gravidez ou nas semanas ou meses após o parto (APA, 2014).  A depressão pré-natal ocorre em 10 a 20% das mulheres grávidas e é um dos preditores mais consistentes da depressão pós-parto. Durante a gravidez é importante estar atenta aos seguintes sintomas:

  • Choro frequente;
  • Perturbações de sono;
  • Fadiga;
  • Perturbações alimentares;
  • Perda significativa ou incapacidade de sentir prazer em atividades que antes eram consideradas agradáveis;
  • Ansiedade;
  • Dificuldade de estabelecer ligação com o feto;
  • Irritabilidade.

Por sua vez, a depressão pós-parto ocorre entre 10 a 15% das mulheres e caracteriza-se pela ocorrência de um episódio depressivo major, no período pós-parto. Dada a prevalência e consequências para a mãe e para a criança, importa perceber a sintomatologia específica associada a esta condição, muitas vezes difícil de identificar (devido, por exemplo, ao estigma ou à dificuldade de interpretação dos sintomas) (Fonseca & Canavarro, 2017):

  • Flutuações de humor;
  • Preocupação excessiva com o bem-estar da criança;
  • Sentimento de incapacidade, inadequação ou culpa;
  • Medo de estar sozinha com o bebé;
  • Medo de sair ou magoar o bebé;
  • Dificuldade de estabelecer ligação com o bebé;
  • Diminuição do desejo sexual pelo parceiro;
  • Queixas físicas frequentes, tais como fadiga, dores de cabeça, falta de apetite;
  • Dificuldade de concentração e tomada de decisão;
  • Perda de interesse em cuidar de si;
  • Ansiedade associação à sintomatologia depressiva.

Se reconhece estes sintomas e está grávida ou é puérpera procure ajuda profissional. Nós podemos ajudá-la a desfrutar deste momento de forma tranquila.

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1 em 10 mulheres não pode celebrar este dia!

on 28 Maio, 2019

Hoje comemora-se o Dia Internacional da Saúde Feminina e infelizmente 1 em 10 mulheres não pode celebrar este dia. E é por esta percentagem ser tão elevada que me faz sentido escrever-vos hoje sobre Endometriose. Esta doença afeta mais de 10% das mulheres em idade reprodutiva e é a maior causa de Infertilidade feminina e, ainda assim, para uma grande percentagem das pessoas que me estão a ler neste momento é uma doença totalmente desconhecida.

Sendo a Endometriose uma das doenças ginecológicas mais comuns na mulher em idade reprodutiva, seria expectável que fosse também uma das patologias mais estudadas e melhor compreendidas. Contudo, e embora os últimos anos tenham sido ricos em estudos, havendo já um avanço significativo na compreensão da patologia, há ainda um longo caminho a ser percorrido para que as pacientes tenham respostas efetivas para todas as vertentes da sua vida afectadas pela patologia.

O que é a Endometriose?

O endométrio é a parte que reveste a zona interna do útero. Por ação hormonal, durante o ciclo menstrual, o endométrio sofre um processo cíclico de regeneração e descamação. Esta descamação é responsável pela menstruação. Quando as células que compõe o endométrio se encontram fora da parte interna do útero, ocorre a endometriose. Os locais normalmente afetados pela endometriose são as trompas de falópio, os ovários, a cavidade pélvica e ligamentos que sustentam o útero, mas pode também atingir outros órgãos como a bexiga, os ureteres, os intestinos, etc.

Os sintomas da endometriose:

_ Cólicas menstruais

_ Dores pélvicas intensas

_ Dor durante as relações sexuais,

_ Infertilidade

_ Menstruações abundantes e irregulares

_ Cólicas Intestinais com quadros de obstipação ou diarreia associados à menstruação

_ Dor ao urinar.

Todos estes sintomas têm um impacto na qualidade de vida conjugal, familiar, social e profissional o que contribui para elevados níveis de ansiedade e depressão. Esta é uma doença crónica, que não escolhe idades, raças ou credos. É uma doença que pode aparecer na nossa vida a qualquer altura e quando menos esperamos. Para que se evitem quadros mais complexos o diagnóstico precoce é um grande aliado. Ter dor não é normal! Se apresentar alguns destes sintomas consulte o seu ginecologista!

Susana Fonseca

Presidente da MulherEndo

www.mulherendo.pt

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A Perturbação do Espectro do Autismo

on 2 Abril, 2019

A Perturbação do Espectro do Autismo (PEA) representa um diagnóstico do Neurodesenvolvimento, globalmente caracterizado por alterações ao nível da interação, da comunicação, do comportamento e do processamento sensorial, numa perspetiva precoce e transversal do desenvolvimento. Este quadro, mais prevalente no sexo masculino (4:1), apresenta uma considerável variabilidade interindividual, requerendo uma abordagem especializada que reconheça o perfil individual de PEA.
A PEA representa um quadro ainda pouco conhecido ao nível da Comunidade Global, existindo ainda muitas ideias pré-concebidas. Ter uma PEA não condena forçosamente o indivíduo a uma vida sem autonomia, aspirações ou realizações pessoais e profissionais, principalmente nos casos de alto funcionamento. Não, nem todas as pessoas com PEA não olham nos olhos, nem todos não procuram a interação social, nem todos não suportam o toque, nem todos apresentam estereotipias severas. Muitos adultos com PEA casam, têm filhos e trabalham. Não, a PEA não é causada por vacinas e sim o Síndrome de Asperger é uma forma de PEA.
É importante existir um investimento social generalizado a toda a Comunidade ao nível da sensibilização, informação e formação, com destaque para os contextos da Educação e da Saúde visando a deteção e a intervenção precoces. As famílias dos indivíduos que apresentam PEA devem ser envolvidas e beneficiar de apoio regular, agregando um aconselhamento sistemático. Os Municípios também devem estar atentos a estas necessidades, fomentando ou apoiando iniciativas neste sentido.
A PEA não é uma doença. Se conhece um autista, apenas conhece UM autista. Ter uma PEA é ter um funcionamento diferente, mas não nos podemos esquecer que a espécie humana é caracterizada por neurodiversidade. De certo, os indivíduos que apresentam PEA necessitam de apoio profissional, nomeadamente para compreender o que é a PEA e no sentido de colmatar as dificuldades que podem experienciar, em função do perfil individual de PEA.
Neste dia Mundial da Consciencialização para o Autismo, apresento o meu cumprimento de honra a todas as Pessoas com PEA, Famílias, Amigos e Profissionais que diariamente lidam com a PEA, a todos que lutam contra os estigmas, a todos que promovem iniciativas de informação e a todos que acarinham e se interessam por esta temática.

“Comprendre et accepter l’autre, c’est l’écouter sans a priori, c’est “entendre” sa différence et rencontrer son indicible richesse”

(Josef Schovanec, filósofo, escritor e tradutor francês, ativista na área do Autismo)

Charlotte Coelho

Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde
Especializada na Perturbação do Espectro do Autismo
Fundadora Departamento de Intervenção na PEA

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Durma bem, durma o suficiente para recuperar a energia

on 15 Março, 2019

Hoje assinala-se o Dia Mundial do Sono, uma data que pretende divulgar e alertar para a importância da qualidade do sono e para os riscos associados a uma má higiene do sono.

Para uma maior e melhor qualidade de vida, todos devemos procurar dormir tempo suficiente para recuperar a energia, a vitalidade e as funções cognitivas fundamentais para o bom funcionamento físico e mental. De facto, o sono ocupa cerca de 1/3 da vida de cada um de nós.

Os problemas de sono são bastante comuns. Pensa-se que uma em quatro pessoas experiencia problemas com o sono, sendo a perturbação mais frequente a insónia, afetando cerca de 10 – 15% da população. A regulação do sono está dependente de mecanismos internos tais como o ciclo circadiano e a produção de melatonina, e por condicionantes externos, dos quais destacamos a idade, a exposição à luz, a temperatura, o ruído e alguns medicamentos.

Dormir bem é, pois, essencial para um bom envelhecimento e como tal, quando sentirmos que algo não está bem com o sono ou porque sonhamos muito, sentimos sonolência, despertamos precocemente ou acordamos consecutivamente durante a noite, temos dificuldades em adormecer ou em realizar as atividades do dia-a-dia, sentimos dificuldades na memória, concentração e no processamento de informação devemos procurar um especialista na área, para que o problema possa ser identificado e resolvido precocemente.

Aproveitamos este dia para deixar algumas dicas para uma boa higiene do sono:

 

– Reservar o quarto apenas para dormir

– Manter uma rotina antes de deitar

– Não ingerir líquidos em excesso antes de deitar

– Ter uma alimentação equilibrada

– Não ir para a cama sem sono

– Não dormir durante o dia (as sestas não devem ultrapassar os 30 minutos)

– Estabelecer um horário regular para levantar

– Não verificar as horas durante a noite

– Não se esforçar por dormir

– Evitar bebidas estimulantes.

Não há dúvida de que depois de uma noite de sono reparador, sentimo-nos mais alerta, mais funcionais e mais felizes.

 

Helena Andrade
Mestre em Psicologia da Saúde e Reabilitação Neuropsicológica

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Ansiedade

on 22 Outubro, 2018

A ansiedade tem sido descrita como um problema de saúde pública com grande incidência em Portugal, que afecta os adultos mas também as crianças e adolescentes.

Pode-se descrever ansiedade como um estado mental e emocional normal e até protector nalgumas etapas da nossa vida, mas quando é demasiado frequente/excessivo, e sentido sem uma razão aparente, pode tornar-se patológico.

Sabia que 1 em cada 10 crianças tem sintomas de ansiedade?

A Ansiedade enquanto patologia torna-se extremamente incapacitante e limitadora e portanto é importante diagnosticá-la em fase precoce de forma a diminuir as suas repercussões.

Nós podemos ajudá-lo!

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Adolescência

on 8 Maio, 2018

Se este título o/a interessou talvez tenha um adolescente em casa.

A adolescência é uma etapa de desenvolvimento essencial e muito desafiante. O lado emocional amadurece mais rapidamente do que o racional, e é por isso que muitas vezes encontramos um desequilíbrio no comportamento dos adolescentes.

Muitas vezes, a partir de certa idade, verificamos uma alteração no comportamento da criança que pedia miminhos, que era afetuosa e meiguinha e que de repente parece mais distante.

A gestão parental na fase da adolescência requer, de facto, muita ATENÇÃO, ACEITAÇÃO e disponibilidade de TEMPO para que não haja um afastamento efetivo.

Sabemos que nestas idades a referência dos pais deixa de ter tanta importância quando comparada com a dos/as amigos/as. A influência dos/as amigos/as e a necessidade de serem aceites, acaba por os colocar em risco mais frequentemente. Assim, é necessário os pais estarem atentos, estarem presentes e dedicados a compreender esta etapa de desenvolvimento.

Deixamos aqui 5 dicas do que pode fazer:

1. OBSERVAR 

Observar é diferente de controlar o que o/a seu/sua filho/a anda a fazer. Se o/a seu/sua filho/a sentir que está a ser demasiado controlado/a revolta-se, mas isso não invalida que não deva estar atento e observar com atenção todos os seus comportamentos, assim como saber o que ele/a faz – saber o horário das aulas, saber onde vai depois das aulas, acompanhar os trabalhos de casa, etc. Só assim o/a conseguirá orientar e ajudar. É importante conhecer os/as seus/suas amigos/as e se possível acolhê-los em casa, de forma a conseguir observar e interagir com eles/as.

2. ESCUTAR

Estar disponível para escutar e ouvir com atenção o que o/a seu/sua filho/a quer transmitir. Quais as suas angústias, medos, sonhos e inseguranças. É importante ouvir as suas ideias, sem as desvalorizar .

Por um lado, há aqueles adolescentes que cada vez menos vão ter com os pais por sua iniciativa e nesse caso, tente proporcionar atividades com ele/a, proporcionar bons momentos em família. Não deve tentar ser o/a seu/sua melhor amigo/a, nem forçar conversas profundas que eles não queiram ter, mas se houver abertura por parte dos pais, eles próprios vão falar e estarão a fortalecer o vínculo entre pais e filho/a.

Depois temos aqueles adolescentes (em especial as raparigas) que chegam a casa e têm muita necessidade de falar tudo o que aconteceu com os/as seus/suas amigos/as. Nem sempre temos a disponibilidade certa para os escutar, mas é importante pararmos e ouvirmos com atenção e interesse. Se os adolescentes se sentirem escutados é mais provável que procurem os pais e os deixem orientar.

3. ACEITAR

Muitas vezes podem surgir conflitos inerentes a ideias e padrões distintos de haver dois tipos de gerações diferentes. É preciso fazer-se um esforço no sentido de aceitar isso mesmo, aceitar que os adolescentes vivem numa geração diferente da nossa, com novos paradigmas. O facto dos adolescentes se sentirem aceites irá promover uma confiança e um sentido de compromisso, pelo que não se tornam tão resistentes.

4. ORIENTAR

O facto de observarmos, escutarmos e aceitarmos o adolescente não quer dizer que ele não necessite de regras bem claras. A imposição de limites na adolescência é essencial e o adolescente tem de demonstrar ter responsabilidade no seu comportamento. Nesta etapa uma das negociações que mais surge como necessária, são as saídas à noite. Estas devem ser permitidas, mas sempre com regras claras: com quem vai, onde vai, qual o programa e qual a hora de chegada.

5. RESPEITAR A INTIMIDADE

Todas as pessoas têm a sua intimidade e esta deve ser respeitada, pelo que deve ser dado o espaço da privacidade que os adolescentes precisam, promovendo a sua autonomia e responsabilidade. Não se devem impor, é importante dar espaço, mostrando-se disponível e atento.

No entanto, também é muito importante promover momentos íntimos em família, pelo que deve haver momentos de convívio e partilha – exemplo: ver um filme e a comer pizza e pipocas ou um passeio especial.

Partilhamos ainda um link de um vídeo espanhol sobre esta temática:

 

Cátia Lopes

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Será possível sair de casa com calma?

on 9 Fevereiro, 2018

Todas as pessoas que têm filhos queixam-se imenso que de manhã é sempre tudo caótico!

Ou porque as crianças não se querem levantar e pedem sempre mais um bocadinho, ou porque não se despacham a comer, ou porque não querem vestir aquela roupa, ou porque simplesmente se esquecem de tudo, e a família toda tem de voltar para trás.

É muito frequente estarmos à porta das escolas e vermos os pais a “resmungar” com os filhos porque já vão atrasados, a saírem do carro em toda a velocidade e irem buscar as várias mochilas que as crianças têm de levar com elas…

Em resumo, podemos dizer que o dia começa sempre com uma grande agitação e que a chegada ao trabalho quase que funciona como o momento de relaxar finalmente.

Será possível contrariar isto?

Considero que fazer isso todos os dias de forma calma e serena é impossível, mas podemos certamente tentar diminuir um pouco toda esta agitação e conseguir ter uma manhã mais positiva.

Assim sendo, deixo aqui algumas dicas que podemos implementar no dia-a-dia.

  1. O descanso é fundamental – Se a criança não descansou o suficiente durante a noite, ou mesmo se os pais não descansaram, é certo que o limite de tolerância está mais baixo e é mais provável que haja divergências.
  2. Calcular o tempo necessário – É fundamental perceber qual é o tempo que necessitamos para fazer todas as tarefas necessárias sem andarmos a correr de manhã. Quanto tempo demoramos a tomar banho, quanto tempo demoramos a arranjarmo-nos, quanto tempo demoramos a vestir as crianças (ou pelo menos orientá-las), quanto tempo para tomar o pequeno almoço em família, quanto tempo para fazer camas… Cada casa certamente tem as suas regras matinais e devem ser analisadas e planeadas e deixar sempre uns 10 minutos extra para imprevistos.
  3. Planeamento de véspera – Quanto mais as coisas tiverem organizadas de véspera mais tempo se poupa de manhã e principalmente diminui o erro de esquecimentos. Assim, será importante preparar tudo o que for possível de véspera: lancheiras prontas, mochilas arrumadas, roupa escolhida, mesa de pequeno almoço colocada, entre outras. O ideal é ficar já tudo na entrada de casa para que nada fique descurado.
  4. Todos saberem quais as suas tarefas – é importante autonomizar os miúdos e todos devem participar nas tarefas, desde que estas sejam adequadas para a sua idade. A criança deve saber exactamente o que tem de fazer de manhã e seguir uma rotina que lhe facilite. Ao sentir-se mais autónoma vai cooperar mais, logo vai haver momentos de maior descontracção familiar.

Espero que as dicas sejam úteis.

Um feliz dia para todos!

Cátia Lopes

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Parceria com a Intervisão

on 4 Outubro, 2023
A Psicofix tem uma parceria com o consultório “Intervisão” onde fazem terapia familiar e terapia de casal. As sessões são aproximadamente de 1h30 e por norma são de 3 em 3 semanas.

Edifício Cruzeiro, no Largo da Cruz de Celas, 2º Andar, Sala 30
3000-132 Coimbra.
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Anafilaxia: impacto na qualidade de vida

on 14 Outubro, 2022

Apesar do número de estudos do impacto da qualidade de vida em doentes com anafilaxia ter vindo a aumentar nos últimos anos, ainda se verifica uma grande lacuna nesta área de investigação.

Sabemos que uma reação anafilática pode ser traumática e pode trazer desafios adicionais. Alguns estudos relatam que jovens adultos alérgicos a alimentos, que sofreram reações anafiláticas, apresentavam níveis de ansiedade elevados e os seus pais eram mais protetores do que pessoas alérgicas que não tiveram reações graves.

Num sistema de saúde em que a abordagem centrada no doente é agora favorecida, a pesquisa sobre a qualidade de vida em pacientes com anafilaxia pode fornecer meios para melhorar a sua gestão, o cuidado e as experiências dos pacientes, mas também das suas famílias.

É evidente que a experiência da anafilaxia tem um impacto psicossocial nas crianças, adolescentes, adultos e também nas suas famílias. Em particular, a constante vigilância necessária, a evicção alimentar restrita e a experiência diária de gerir a doença têm um impacto direto nas atividades diárias, pelo que é importante avaliar ao longo do tempo esse impacto.

Por vezes, é importante envolver os adultos na compreensão das suas emoções e torná-las mais adaptativas. Após uma reação anafilática, os doentes podem sentir alguma vergonha ou perda de confiança no exterior, que pode levar a um medo de julgamento e potencial isolamento social. Nalguns casos podem mesmo não ser capazes de identificar quais os sentimentos que experienciaram e que implicações isso está a ter no seu dia-a-dia.

A intensidade  e a complexidade das reações emocionais pós-anafiláticas têm muitas vezes influência na qualidade de vida desse doente, assim como a idade, o género, o país e a cultura. Estudos relatam que normalmente mulheres têm indicadores piores de qualidade de vida a gerir a doença dos seus filhos do que os homens, enquanto os adolescentes estão em maior risco de reações adversas relacionadas com a sua autonomia.

Percebemos que o risco de ter uma reação está sempre presente, sendo que o quando, como e onde ter essa reação pode aumentar o medo, ansiedade, vergonha ou frustração sentida e, consequentemente, ter um maior impacto na qualidade de vida do paciente que experienciou a anafilaxia.

É relevante continuarmos na direção das abordagens multidisciplinares, com uma equipa de cuidados integrados que pode consistir no imunoalergologista, enfermeiros psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais, entre outros. Esta abordagem multidisciplinar pode preencher a lacuna entre atender apenas às necessidades físicas do paciente e atender também às necessidades psicossociais dos indivíduos que já experienciaram uma anafilaxia.

Esta perspetiva de atenção biopsicossocial integrada, onde profissionais médicos e outros profissionais de saúde mental trabalham em colaboração com pacientes pós-anafilaxia, pode ser relevante no trabalho terapêutico destes doentes e, consequentemente no aumento da sua qualidade de vida.

Cátia Lopes

 

(artigo publicado aqui)

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(Re)Começar: O indivíduo enquanto principal agente da mudança

on 4 Janeiro, 2021

Podemos definir mudança como um processo pelo qual algo ou alguém se torna diferente do que era; como alteração, modificação, transformação; como a introdução de uma nova forma de fazer algo.

Muitos são os que, no início do ano, definem novas metas, sendo que, muitas delas envolvem mudanças significativas e, muitas vezes, complexas, nomeadamente quando dizem respeito a pensamentos, sentimentos e comportamentos. Estas exigem maior envolvimento, compromisso e motivação.

Prochaska e DiClemente (1999) descrevem a prontidão para a mudança como estágios motivacionais nos quais o indivíduo transita. A mudança comportamental é um processo em que as pessoas têm diversos níveis de motivação, de prontidão para mudar (Oliveira, Jaeger & Schreiner, 2003) e os estágios motivacionais são flexíveis.

Segundo Prochaska e DiClemente (1999) na fase de pré-contemplação não existe, de uma maneira geral, consciência do problema nem intenção de mudar. Os outros, por exemplo, amigos e familiares identificam o problema, mas o indivíduo não.  No estágio de contemplação o indivíduo já pensa, reconhece o problema, mas não faz nada. Na fase determinação ou preparação é concretizada a intenção de modificação e mudança, mas falta planeamento da ação. No estágio seguinte – ação – o indivíduo já está a fazer algo para a mudança, colocando em prática a mudança conforme planeado. No estágio manutenção continua-se a trabalhar nos resultados obtidos nas etapas anteriores. Por fim, na fase recaída o sujeito aprende e recomeça mais consciente.

Conhecendo todos os estágios/fases e sabendo que é o principal agente de mudança, identifique um problema, o estágio onde se encontra e o que precisa fazer para alcançar o estágio seguinte.

Bom (re)começo.

Ana Rosa

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Mediação escolar: uma poderosa ferramenta na cultura da paz

on 15 Outubro, 2020

É cediço que a escola é um espaço de grande diversidade, bem como palco de discussões das mais variadas naturezas, sobretudo em face de fenômenos como a globalização. Nesse sentido, entendemos que cada vez mais deve-se aprimorar as relações interpessoais e de clima escolar no propósito de uma educação  voltada à paz, à não violência, à gestão de conflitos.

Afinal, o que é paz?  Durante muito tempo o conceito de paz esteve ligado à ausência de guerra. Na cultura ocidental, por seu turno, o conceito de paz sofreu influência da tradição greco-romana, passando a ter uma conotação mais positiva e mais ampla, conectando-se a outros conceitos como o de justiça, por exemplo.

Atualmente, o conceito de paz passou por uma releitura de forma a contemplar uma dimensão social, humana e cultural. É nesse sentido que defendemos que as instituições educacionais devem contemplar em seu conteúdo o conceito de cultura de paz e de convivência, esta última entendida como cultura de tolerância e respeito às diferenças.

A escola deve ser um espaço de convivência, ou seja, um espaço de construção de saberes, de tolerância, de aprendizagem. Traçar um plano de convivência não significa negar a existência do conflito, ao contrário, reconhece-se que o conflito é algo natural. Em outros termos, o plano de convivência escolar centra-se no manejo adequado dos conflitos.

A mediação escolar se apresenta como uma poderosa ferramenta no manejo adequado dos conflitos, notadamente por envolver vários atores da comunidade escolar tais como alunos, professores, pais, direção, etc. A mediação escolar tem como pilares a participação, a colaboração e o respeito.

Através de programas de mediação escolar, os estudantes resolvem seus conflitos de forma rápida e satisfativa, através da aplicação de técnicas como a escuta ativa, o rapport, o parafraseamento, dentre outras. É importantes destacar que um programa de mediação escolar deve ser pensado e desenvolvido conforme a realidade de cada escola, considerando suas peculiaridades.

Tão importante quanto os conteúdos curriculares é o desenvolvimento das relações interpessoais. Nesse sentido, entendemos que crianças e jovens devem ser estimulados a participarem de atividades coletivas, grupais, sempre tendo em vista o compartilhamento de experiências, trocas.

Através de atividades dessa natureza os alunos têm a oportunidade de lidarem com conflitos, aprendendo a resolvê-los de forma construtiva, através de uma comunicação assertiva.

Deve-se ressaltar que tais práticas cooperativas devem se estender para além dos muros da escola, albergando outros atores da comunidade escolar, somente nesse propósito é que construiremos uma sociedade mais pacífica, harmônica e empática.

Urge, cada vez, o desenvolvimento de hábitos e valores que fortaleçam vínculos de solidariedade, de tolerância, de respeito. Trata-se de um exercício diário de conscientização e de promoção de uma cultura de paz e de convivência.

 

Macela Nunes Leal

Mediadora

Advogada

Mestre em Resolução de Conflitos e Mediação

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TERRORES NOTURNOS E PESADELOS

on 21 Abril, 2020

Na situação atual que estamos poderá haver um aumento na frequência de pesadelos ou terrores noturnos, pelo que consideramos um tema relevante para discutir no nosso blog este mês.

Entre os 3 e os 8 anos é frequente existirem alguns transtornos ligados ao sono, episódios estes que tendem a desaparecer ao longo do desenvolvimento da criança.

No entanto, é importante em primeiro lugar fazer a distinção entre terrores noturnos e pesadelos:

  • Os pesadelos são sonhos que estão associados a sentimentos de medo ou ansiedade e que normalmente decorrem passado algumas horas de adormecer. A criança nestes casos costuma acordar e lembrar-se do que estava a sonhar e muitas vezes esses pesadelos podem estar associados a alguns acontecimentos ou situações que criaram ansiedade ao longo do dia.
  • Os terrores noturnos são episódios em que a criança está muito assustada e angustiada, mas que não está completamente desperta, não se recordando do que se está a passar. Estes terrores normalmente ocorrem nas primeiras 3 horas de sono e são menos frequentes que os pesadelos.  

O que podem fazer para ajudar a prevenir estes episódios?

  • Mantenha uma rotina durante o dia e em especial na hora de deitar (lavar os dentes, contar uma história, diminuição da luminosidade à medida que chega a hora de dormir, apagar a luz e dar um beijo de segurança, podem ser bons exemplos de rotina).
  • Evite que a criança tenha acesso a notícias mais impressionantes, ou mesmo desenhos animados mais agitados, ao final do dia.
  • Não lhe dê bebidas com cafeína, tais como a coca-cola ou mesmo ice-tea.
  • Evite que a criança fique demasiado cansada durante o dia.

O que podem fazer caso a criança tenha um pesadelo ou terror noturno?

  • No caso dos pesadelos, deve falar para a criança com voz calma para ela se sentir segura e tranquilizá-la até esta adormecer novamente.
  • No caso dos terrores noturnos, não deve acordar a criança mas apenas deitá-la de forma calma e serena sem a despertar. Ela no dia seguinte não se irá recordar de nada.

Sabemos que hoje todos estamos mais ansiosos e agitados e esses sentimentos facilmente podem ser transmitidos para as crianças.

Caso necessite de algum apoio para lidar com estas situações, contacte-nos que faremos uma consulta por videochamada.

Cátia Lopes (Psicóloga)

www.psicofix.pt

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Dia Escolar da Não Violência e da Paz

on 30 Janeiro, 2020

No dia 30 de janeiro celebramos o Dia Escolar da Não Violência e da Paz, uma celebração instituída a partir da comemoração do “ENIP”, que foi criado em 1964 pelo educador e pacificador espanhol, Llorenç Vidal Vidal, para assinalar a data da morte de Mahatma Gandhi.

A paz não pode ser mantida à força. Só é atingida pelo entendimento”

Já dizia Albert Einstein.

Esta comemoração pretende sensibilizar para a necessidade da cultura de não-violência e da paz nas escolas, incentivando a atos que tenham como resultado a consagração da paz mundial. O grande objetivo deste dia é que cada um nas escolas faça algo pela paz.

A escola tem uma grande função nesta tarefa de educar para a paz e para a não-violência. É possível trabalhar neste contexto o princípio da paz, integrando esta educação numa ótica de transversalidade do currículo não formal.

Educar para a paz e para a não-violência pressupõe ensinar e aprender a resolver e gerir conflitos. É perceber que o conflito está presente de forma constante na nossa sociedade como uma manifestação da diversidade de interesses, culturas e necessidades. Não há soluções mágicas, mas existem mecanismos que permitem pensar e resolver conflitos de forma diferente e que promovem a cultura da paz.

A pensar nisso, segue de forma muito breve alguns dos princípios que as escolas, isto é, todas as pessoas das e nas escolas, devem promover neste grandioso trabalho que é educar para a paz e para a não-violência:

  • Criar igualdade e equidade nos vários e diferentes contextos educativos – as crianças não são todas iguais tanto ao nível da aprendizagem e das emoções, como das suas vivências e contextos;
  • Prever situações de conflito e não ter receio de dialogar sobre os mesmos – fugimos dos conflitos como se de algo negativo se tratasse;
  • Gerir de forma positiva e controlada as situações de agressividade – gerir positivamente não significa aceitar, muito menos ignorar, mas antes comunicar e responsabilizar;
  • Optar pelo diálogo e negociação cooperativa, suprimindo a cultura do vencedor/vencido, culpado/inocente, certo/errado – soluções de ganhar-ganhar;
  • Promover, defender e alimentar valores como a justiça, a liberdade, a cooperação, o respeito, a solidariedade, o compromisso, a autonomia, o diálogo e o envolvimento, em detrimento da discriminação, da intolerância, da violência, da indiferença e do conformismo;
  • Proporcionar situações que favoreçam a comunicação e a convivência, numa lógica de empowerment, reconhecimento e legitimação dos envolvidos;
  • Participar e criar atividades relacionadas com a paz, solidariedade e resolução positiva de conflitos em que todos são envolvidos no seu planeamento e conceção;
  • Criar climas cooperativos, democráticos e positivos no contexto de sala de aula e em todos os restantes contextos relacionais de escola – a cultura de escola só se constrói assim;
  • Fomentar a reflexão, a troca de argumentos, pontos de vista e opiniões numa lógica de crescimento e empatia, difundindo estes princípios regularmente por todos os agentes da comunidade educativa – não é só a informação que muda comportamentos;
  • Apostar no trabalho em grupo e projetos educativos coletivos, em que se faz uso de técnicas de reflexão e desenvolvimento moral, debate de experiências, clarificação de valores, discussão de dilemas e formas alternativas de resolução de conflitos, mais uma vez, envolvendo todos os elementos da comunidade educativa (alunos, docentes, assistentes operacionais, técnicos, etc.);
  • Apostar numa cultura de escola, numa ótica de compromisso educativo – um professor sozinho não tem o mesmo impacto/efeito.

Estes princípios potenciam no processo de ensino-aprendizagem relações fundamentadas pela paz entre alunos-pais-professores-escola. Trata-se de extrapolar esta vivência de não-violência e paz para fora da escola. Levar de dentro para fora, mas também de fora para dentro, numa inter-relação constante e equilibrada em que todos temos o nosso papel fundamental.

Porque o que nós fazemos é importante e se eu conseguir avançar um centímetro pelo caminho ‘certo’, então já estou a contribuir com a minha parte.

Feliz Dia Escolar da Não Violência e da Paz!

Mónica Nogueira Soares

PhD, Psicóloga| Formadora| Mediadora familiar e escolar

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Consumos que nos consomem ou a busca natural pelo prazer?

on 27 Novembro, 2019

“De maneira alguma a adolescência é a época mais simples da vida”

Janet Erskine

A tendência natural do adolescente é orientar-se pelo prazer. Torna-se, assim, necessário compreender os mecanismos que levam a este comportamento, não tomando as consequências como causas, mesmo que as consequências sejam as preocupações imediatas de pais e educadores.

As influências dos media com os seus intensos apelos para a busca de prazer sem limites e as transformações dos comportamentos, hoje mais permissivos do que ontem, constituem fatores externos muito citados para os consumos dos jovens. A isto aliam-se as características próprias do adolescente, as suas modificações hormonais, a busca da independência e da identidade, a tendência para a indisciplina e o gosto pela aventura. Está assim constituído o “caldeirão” onde fermentam, crescem e se desenvolvem os jovens, preparando-os para a vida adulta (Feijó e Oliveiral, 2001)[i].

Comportamento de risco

Comportamento de risco pode ser definido como a participação em atividades que possam comprometer a saúde física e mental do adolescente. Muitas dessas condutas podem começar, apenas, pelo carácter exploratório do jovem, assim como pela influência do meio (grupo de pares, família). Caso não sejam precocemente identificadas, podem levar à consolidação destas atitudes, com significativas consequências nos níveis individual, familiar e social. Contudo, o conceito de risco deve ser compreendido de uma forma o mais abrangente possível, ultrapassando os critérios biomédicos e atingindo variáveis sociais e de comportamento.

Intervenção preventiva

A intervenção preventiva não é apenas uma questão de atitude individual, uma vez que tal lógica faz de cada indivíduo em particular, um culpado em potencial (Fonseca, 2002)[ii]. Desta forma, no campo semântico da prevenção dos consumos de substâncias psicotrópicas a adoção do conceito de vulnerabilidade (ao invés de comportamento ou grupo de risco) poderá permitir construir novos objetivos e práticas mais coerentes. Desloca-se, assim, a posição do educador (esteja num serviço de saúde ou na escola) de um lugar autoritário, de quem determina quais são os comportamentos adequados e estabelece a censura aos indivíduos que não os adotam, para uma posição dentro de uma relação dialógica, em que as alternativas de prevenção possam ser construídas paralelamente ao processo de ampliação de cidadania. É que uma análise centrada no conceito vulnerabilidade parte do pressuposto de que os indivíduos não são culpados, mas que também têm responsabilidade e capacidade de transformação da sua própria história (Soares, C. e Jacobi, P., 2000)[iii].

A escola, devido à natureza educacional do seu trabalho e à possibilidade de acesso aos jovens é considerada, em todo o mundo, o locus privilegiado dos programas de prevenção dirigidos aos adolescentes.

Contudo, se o discurso e a prática dominantes na área de prevenção de drogas seguir a tradicional máxima de “guerra às drogas”, isto acabará por produzir discursos autoritários, que não estimulam a crítica por parte dos jovens, além de se imprimir “um clima de pânico” e amedrontamento entre eles (Acserald, 1989, cit. Soares, C. e Jacobi, P., 2000). No entanto, para os jovens, é muito difícil acreditar nessas mensagens, pois ao experimentarem drogas ou ao questionarem os seus pares que as consomem, encontram sensações e relatos incompatíveis com tais informações.

Desta forma, prevenção num contexto escolar (e em qualquer outro) poderá, antes, significar a adoção de programas comprometidos com uma visão mais realista e menos reducionista da problemática das drogas (a perspetiva de “redução de danos”) (Cohen, 1993, cit. Soares e Jacobi, 2000; Duncan et al., 1994, cit. Soares e Jacobi, 2000;). Esta forma de prevenção aceita um leque de objetivos no sentido de minimizar os prejuízos que possam advir do uso de drogas, e, portanto, não visa somente à abstinência como única meta aceitável. Este movimento da redução de danos associados às drogas representa também, no campo educacional, uma mudança. Isto porque o uso de drogas parece constituir-se – pelo menos no que diz respeito ao uso ocasional – numa experiência encarada como “normal” e bastante disseminada (Buzzi, 1993, cit. Soares e Jacobi, 2000). Assim sendo, os programas escolares necessitam de incorporar e disseminar informações verdadeiras sobre drogas e sobre os polos que atuam nessa teia, para que os jovens possam dispor dos elementos de que necessitam para compreender esse processo.

Educação preventiva

Essa abordagem dá maior abertura para abraçar uma educação preventiva que “capacite” os indivíduos e grupos. Ao conhecer e analisar criticamente as contradições sociais, os adolescentes podem apoderar-se dos elementos necessários para fazerem escolhas positivas durante sua trajetória, em vez de se voltarem contra si mesmos como alvo da sua própria desintegração social.

À escola caberá, então, a responsabilidade – como uma agência de socialização – de apreender a realidade de seus jovens, sendo que as estratégias preventivas podem ser desenhadas no sentido de que se atue a partir das interações sociais e formas de socialização que acontecem a partir do entorno social mais próximo e que são mais reconhecidas e valorizadas pelos adolescentes.

Patrícia Ribeiro

Psicóloga em contexto escolar

Formadora

Doutorada em Ciências da Educação


[i] Feijó, R. e Oliveiral, E. (2001). Comportamento de risco na adolescência.Jornal de  Pediatria,  77 (Supl.2)

[ii] FONSECA, A. Prevention of Sexually Transmitted Diseases and AIDS in the school environment, Interface -Comunic, Saúde, Educ, v.6, n.11, p.71-88, 2002.

[iii] Soares, C. e Jacobi, P. (2000). Adolescentes, Drogas e AIDS: Avaliação de um Programa de Prevenção Escolar. Cadernos de Pesquisa, nº 109, p. 213-237, Março

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O dia das bruxas

on 24 Outubro, 2019

Com o aproximar do dia das bruxas deixamos algumas sugestões de atividades para realizar com os mais pequenos. Aproveite o fim de semana para passar mais tempo com o(s) seu(s) filho(s), faça algumas atividades que aumentem a coesão familiar, partilhe as suas tradições e entre abóboras, morcegos e bolachas assustadoras, entre no espírito e desfrute de um dia das bruxas verdadeiramente divertido.

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