Março 2016

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Não se vê mas sente-se…

on 3 Março, 2016

Março é o mês de divulgação da Endometriose… Como portadora não poderia deixar de dar o meu testemunho e alertar.

Em Abril de 2013 fui diagnosticada… a dor pélvica quase incapacitante que sentia nos últimos meses era afinal provocada pelos Endometriomas… Endo quê?!? Saí das urgências com indicação para cirurgia e com o mundo a desabar… provavelmente os ovários seriam removidos e com eles seria “removida” também a possibilidade de ser mãe. Relembro este dia como um dos piores da minha vida… sonhos e projetos destruídos e medo, muito medo pelo desconhecido e pelo que estaria para vir!

Fui operada em Maio! Pensei que esta etapa estaria vencida mas, poucos meses depois as dores voltaram com mais “vida” do que nunca! Exames e mais exames e o diagnóstico já esperado… endometriose profunda! Nessa altura já tinha reunido alguma informação sobre a doença e apenas se confirmou o diagnóstico. Agora sim, os sintomas começam a fazer sentido… a dor menstrual afinal não era “normal”, como tantas vezes ouvi dizer!

A endometriose é uma doença crónica que afeta 10 a 15% das mulheres em idade reprodutiva e que se caracteriza pela presença de tecido endometrial fora do útero, induzindo uma resposta inflamatória local. São sintomas comuns a dor pélvica, fadiga, dismenorreia e dispareunia, sendo sugerido que cerca de 47% de mulheres inférteis sejam portadoras de endometriose.

Sendo uma doença crónica com potencial impacto na fertilidade e na relação do casal implica, necessariamente na qualidade de vida e no bem-estar da mulher e do casal. Vários estudos apontam uma correlação positiva entre endometriose e sintomas depressivos, ansiedade, tristeza e desesperança, bem como impacto negativo em várias dimensões da vida: trabalho, família, sexualidade e atividades sociais.

Eu confirmo, muitas vezes, especialmente quando este monstrinho “acorda” e sinto cólicas, sou assaltada pela tristeza e pelo medo, e com eles vem o pessimismo e a desesperança. Nestas alturas procuro conforto e compreensão no amor de quem tenho por perto e vou traçando pequenos objetivos que se tornam grandes conquistas.

Considerando o potencial impacto na qualidade de vida da mulher e o atraso e dificuldade no diagnóstico torna-se fundamental divulgar, alertar e, simultaneamente criar unidades de cuidados especializados e multidisciplinares para devolver a qualidade de vida a todas as endomulheres, minimizando o impacto psicossocial da doença.

 

A dor, física ou psicológica, não se vê… mas sente-se!

 

Ana

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