É certo que as condições do tempo influenciam o nosso bem-estar físico e psicológico. As temperaturas mais baixas, a falta de luz solar e os dias mais cinzentos parecem tornar-nos mais vulneráveis e mais instáveis emocionalmente. Apesar das alterações climáticas poderem ter um impacto mais ou menos significativo nas nossas vidas, a verdade é que algumas pessoas reagem de forma dramática à chegada do Inverno, em particular. Esta estação parece trazer consigo a vontade de ficar mais tempo na cama, de dormir mais horas, de comer mais doces e até a nossa motivação e energia parecem sofrer um abalo abissal.
Mas qual a razão disto acontecer?
A ciência aponta a ausência de luz solar como a principal responsável para o desenvolvimento de uma depressão sazonal de inverno, também designada de desordem afetiva sazonal. A justificação encontra-se na associação entre baixos níveis de claridade e a diminuição da produção de serotonina no cérebro. Este neurotransmissor que é responsável pelo sistema nervoso central, tem um papel fulcral na regulação do nosso apetite, energia, sono, humor e entre outros (Vedovato, Trevizan, Zucoloto, Bernardi, Zanoni & Martins, 2015). Nesta linha, disfunções na sua produção provocam um desequilíbrio químico no cérebro, acarretando as tais alterações emocionais e comportamentais. Como está associada à luz, esta depressão tem um início e um fim certo todos os anos. Geralmente, os primeiros sinais começam a aparecer no Outono, intensificam-se no Inverno e tendem a desaparecer na Primavera. As mulheres parecem ser as mais afetadas e este problema parece ser mais comum a partir dos 25 anos. No entanto, e apesar da evidência, a depressão sazonal pode afetar qualquer género.
Quais os principais sinais de alerta?
A melhor forma de evitarmos o desenvolvimento e agravamento de qualquer doença é estarmos atentos à nossa saúde física e psicológica. Deste modo, é fundamental prestar atenção aos seguintes sinais de alerta:
- Humor: sentir-se mais apático, depressivo, irritado e com baixa autoestima;
- Sono: vontade de dormir mais horas, ter dificuldades em adormecer ou acordar, ter insónias ou sentir-se sonolento a maior parte do tempo;
- Alimentação: ter oscilações de peso, perda ou aumento de apetite; vontade exagerada de comer hidratos de carbono ou doces;
- Relacionamento interpessoal: perda de interesse pela vida social, ocorrendo isolamento e distanciamento de amigos e família;
- Desempenho profissional: perda de energia e motivação, resultando em dificuldades de concentração e fadiga constante;
- Saúde: baixa imunidade, estando mais suscetível a contrair problemas de saúde (ex.: constipações e gripes).
O que deve fazer ao identificar estes sinais?
Não obstante a depressão sazonal estar fundamentalmente acoplada a mecanismos biológicos, a psicoterapia pode ser uma oportunidade de tratamento bastante benéfica para aprender a lidar com as alterações de humor e comportamentos associados. Neste sentido, se começar a identificar alguns dos sinais de alerta indicados é aconselhável que inicie um processo psicoterapêutico, evitando a instalação ou progressão da depressão.
Isa Viamonte
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