A Perturbação do Espectro do Autismo (PEA) representa um diagnóstico do Neurodesenvolvimento, globalmente caracterizado por alterações ao nível da interação, da comunicação, do comportamento e do processamento sensorial, numa perspetiva precoce e transversal do desenvolvimento. Este quadro, mais prevalente no sexo masculino (4:1), apresenta uma considerável variabilidade interindividual, requerendo uma abordagem especializada que reconheça o perfil individual de PEA.
A PEA representa um quadro ainda pouco conhecido ao nível da Comunidade Global, existindo ainda muitas ideias pré-concebidas. Ter uma PEA não condena forçosamente o indivíduo a uma vida sem autonomia, aspirações ou realizações pessoais e profissionais, principalmente nos casos de alto funcionamento. Não, nem todas as pessoas com PEA não olham nos olhos, nem todos não procuram a interação social, nem todos não suportam o toque, nem todos apresentam estereotipias severas. Muitos adultos com PEA casam, têm filhos e trabalham. Não, a PEA não é causada por vacinas e sim o Síndrome de Asperger é uma forma de PEA.
É importante existir um investimento social generalizado a toda a Comunidade ao nível da sensibilização, informação e formação, com destaque para os contextos da Educação e da Saúde visando a deteção e a intervenção precoces. As famílias dos indivíduos que apresentam PEA devem ser envolvidas e beneficiar de apoio regular, agregando um aconselhamento sistemático. Os Municípios também devem estar atentos a estas necessidades, fomentando ou apoiando iniciativas neste sentido.
A PEA não é uma doença. Se conhece um autista, apenas conhece UM autista. Ter uma PEA é ter um funcionamento diferente, mas não nos podemos esquecer que a espécie humana é caracterizada por neurodiversidade. De certo, os indivíduos que apresentam PEA necessitam de apoio profissional, nomeadamente para compreender o que é a PEA e no sentido de colmatar as dificuldades que podem experienciar, em função do perfil individual de PEA.
Neste dia Mundial da Consciencialização para o Autismo, apresento o meu cumprimento de honra a todas as Pessoas com PEA, Famílias, Amigos e Profissionais que diariamente lidam com a PEA, a todos que lutam contra os estigmas, a todos que promovem iniciativas de informação e a todos que acarinham e se interessam por esta temática.
“Comprendre et accepter l’autre, c’est l’écouter sans a priori, c’est “entendre” sa différence et rencontrer son indicible richesse”
(Josef Schovanec, filósofo, escritor e tradutor francês, ativista na área do Autismo)
Charlotte Coelho
Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde
Especializada na Perturbação do Espectro do Autismo
Fundadora Departamento de Intervenção na PEA