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E agora? Começar a viver com uma alergia alimentar…

on 24 Fevereiro, 2016

No dia a dia nem damos valor a pequenas coisas como o comer descansado. Não falo de comer sem crianças aos berros, ou comer numa esplanada com vista para o mar… Falo em comer descansado sem estar sempre com pensamentos de aflição.

Um adulto com alergia sempre que come está constantemente com mil questões na cabeça:  Será que isto me vai fazer mal? Há algum hospital perto? Tenho a minha caneta de adrenalina? Quanto tempo demoro até chegar ao hospital mais próximo? Será que sinto alguma coisa? Se calhar estou a inchar do lábio? Sinto uma coisa esquisita… Será que isto é uma borbulha? São estes e muitos outros pensamentos que nem sempre são fáceis de controlar.

O comer, que normalmente é um acto de prazer para a maioria das pessoas, para mim é um momento de ansiedade.

O sair para conhecer um restaurante novo que tanto falam e que é um momento de convívio e de distração para a maioria das pessoas, para mim é um momento de aflição.

O viajar, que é apreciado por muita gente e o sonho de alguns, que não têm essa possibilidade, para mim é apenas mais um fator de stress negativo.

Sim, a minha vida mudou muito aos 20 anos, quando tive de começar a lidar com esta doença (alergias alimentares diversas). Uma doença estranha que ainda não sabem bem explicar, nem identificar, o que a torna ainda mais assustadora.

É algo que as pessoas à partida pensam que é uma doença controlada, pois é só deixar de comer, mas na verdade não é nada controlável. É algo que não conseguimos controlar, pois a maior parte das pessoas que têm alergia alimentar não sabem bem a que alimentos. Sabemos apenas alguns alimentos que já nos provocaram reação. Mas podemos ter muitas outras alergias que ainda não se manifestaram. Com o passar dos anos podemos começar a alargar o leque dos alimentos que fazemos alergia.

As vezes é difícil dizer a um grupo de amigos, ou mesmo família, para irmos comer sempre ao mesmo local. Mas sim, é uma forma de acalmar a minha ansiedade, pois pelo menos penso que é um local mais controlado. E acreditem que mesmo indo mil vezes ao mesmo restaurante não vou variando nos pratos… Como sempre a mesma coisa para não correr riscos. Se corre bem uma vez, é sempre aquilo que vou repetir.

Tenho uma grande preocupação que é não passar esta ansiedade às minhas filhas. Preocupa-me porque vejo a minha filha mais velha a comer quase sempre a mesma coisa e começo a pensar…. Ela faz isso porque é criança e come aquilo que mais gosta, ou faz isso por condicionamento uma vez que vê sempre a mãe a comer a mesma coisa?

Será que algum dia vai haver tratamento? Mesmo que haja será que algum dia vou ter coragem de comer os alimentos que já me levaram quase à morte? Acho difícil… Assim, temos de aprender a viver com a doença de forma mais adaptativa possível. A Psicofix pode ajudar! Procure-nos.

Cátia Lopes

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